As recomendações de uso de máscara foram aumentando e evoluindo com o vírus da Covid-19, e a última variante Ómicron aumentou a procura de máscaras cirúrgicas e N95. Estas máscaras descartáveis salvam vidas, mas são feitas de microfibras plásticas e estão a agravar o problema mundial de poluição plástica.
Um relatório recente estimou que 1,56 milhões de máscaras terminaram nos oceanos em 2020
Uma equipa de investigadores do México e dos EUA encontrou uma maneira de transformar resíduos de máscaras descartáveis em baterias que podem armazenar tanta energia quanto as baterias de iões de lítio, podendo também ter custos mais baixos e flexíveis.
O aumento de resíduos de plástico resultante da pandemia de Covid-19 disparou alarmes em todo o mundo. Em julho passado, as Nações Unidas estimaram que cerca de 75% das máscaras usadas, bem como outros resíduos relacionados à pandemia, acabariam em aterros sanitários ou a flutuar nos mares.
Os cientistas têm procurado encontrar soluções criativas para resolver o problema e no ano passado, na Austrália, mostraram que máscaras descartáveis poderiam ser reaproveitadas para fabricar materiais para rodovias.
Neste novo estudo, Jorge Oliva, do Instituto de Pesquisa Científica e Tecnologia de San Luis Potosí, e outros investigadores do mesmo instituto conceberam baterias feitas com resíduos de máscaras, embalagens de comprimidos e de outros medicamentos.
Desinfetando as máscaras por ultrassons e mergulhando-as em tinta feita de carbono grafeno – conhecido por ser um excelente condutor de corrente –, posteriormente comprimiram-nas e aqueceram-nas para fazer pellets que usaram para fazer os elétrodos da bateria. Para lhes melhorar a capacidade de retenção de carga revestiram-nos com óxido de cálcio-cobalto.
Sabendo que os elétrodos de uma bateria precisam de ser separados por um material isolante, também produziram essa camada com máscaras. Finalmente, embeberam o conjunto num eletrólito e envolveram o dispositivo numa caixa protetora feita de resíduos de blister, as embalagens plásticas dos medicamentos.
A bateria resultante tinha uma densidade de energia – que determina o tempo que a bateria alimenta um dispositivo – de 208 Wh por cada quilograma. Estes valores são comparáveis aos das baterias comerciais de iões de lítio, cujas densidades de energia que variam de 100 a 265 Wh/kg. Os dispositivos continuam a funcionar quando pressionados e podem ser finos e flexíveis. Além disso, o uso de resíduos reciclados deve proporcionar custos baixos.
Que tal esta bateria feita de lixo médico?
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