O Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, mais conhecido por IPCC — Intergovernmental Panel on Climate Change, é uma organização político-científica criada em 1988, no âmbito das Nações Unidas, por iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e da Organização Meteorológica Mundial. Nos dois últimos relatórios desta organização foi realçado o papel da ação humana na intensificação do aquecimento global do planeta e das consequências que já se fazem sentir por todo o lado.
No entanto, definitivamente, as populações não sofrem os impactos de forma equitativa, e dependendo de fatores como a localização geográfica e indicadores socioeconómicos, entre outros, é necessário trazer ao debate conceitos como “injustiça climática” e “racismo ambiental”, pois as populações mais vulneráveis e oprimidas são as mais afetadas, sendo igualmente as que menos contribuíram com o problema e as que têm menor representatividade na discussão de soluções e políticas públicas.
Cresce aos poucos junto dos meios de comunicação, da comunidade cientifica e até na última COP realizada em Glasgow, a necessidade de destacarmos estas designações e uma forma de inseri-las e torna-las abrangentes é contar com a “escola”, como aliada, pois alunos e professores são fundamentais no combate e no apelo à ação climática, acompanhando e inserindo o debate nas suas atividades, projetos e ações escolares.
Dependente sempre do contexto e faixa etária da sala de aula, é possível promover-se trabalhos práticos de sensibilização e consciencialização sobre o tema da justiça climática na escola.
O ideal era formar os professores, dando-lhe acesso a informação e meios…
É essencial investigar e trocar ideias com outros professores sobre o assunto. Proponha grupos de estudos, leitura de livros e artigos, sessões de diálogo e convide um especialista para conversar com o grupo, por exemplo através de associações ambientalistas locais ou de âmbito nacional.
Os jovens e as crianças precisam de conhecer e de ter outras referências além da Greta Thunberg. Líderes pretos, asiáticos, indígenas etc., e breves resumos históricos ajudam a consolidar o conhecimento e a representatividade nos grupos escolares.
Partilhar histórias de comunidades e pessoas cujas vidas sofreram com os impactos da ação climática, com nomes e rostos sensibiliza e cria mais empatia.
A analise de imagens e vídeos promove o debate e sensibiliza, dando lugar a diferentes interpretações e pontos de vista. Observar fotos de eventos climáticos extremos ou até de bairros em extremas condições de poluição e pobreza, ajuda a promover reflexões sobre o que tais comunidades têm em comum.
Atribuir papéis representando comunidades e/ou países numa mesa de negociações com os povos da Terra, pode ser uma atividade rica para o debate sobre justiça climática. Por exemplo: Como seria estar numa futura COP 27 como representante de uma ilha do Pacífico que pode desaparecer do mapa com o aumento do nível das águas/dos oceanos?
Fornecer links de sites e de páginas nas redes sociais que estimulem os alunos a se ligarem a grupos e comunidades em que se discuta e lute por justiça climática, pode ser também um caminho para o envolvimento dos alunos.
Dadas as condições do ensino em Portugal, tratar este tema poderá ser complexo numa sala de aula, mas não se pode falar de ambiente sem trazer a discussão a justiça social e o fim das desigualdades e opressões. Afinal, tal como disse Robert Gilman*, “não há problemas ambientais, há apenas sintomas ambientais de problemas humanos”.
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