Haverá espaço ​​no planeta para a vida selvagem e as energias renováveis?

Vida selvagem e energias renováveis

 |  EcosS

Um futuro com baixos níveis de carbono implica muitos painéis solares e muitas turbinas eólicas. O que levanta a questão: onde os vamos pôr?

Com a população humana em curva ascendente a ocupar grande parte dos espaços naturais, a procura de habitação, de alimentação e outros bens, acrescida do esforço para deixar os combustíveis fósseis substituindo-os por eletricidade renovável são um conjunto de fatores preocupantes. A estes acresce o facto de os parques de painéis solares e de turbinas eólicas poderem ocupar importantes habitats de vida selvagem, ainda que os ambientalistas tentem aumentar as reservas naturais.

Novos estudos sugerem que, em grande parte do mundo, as pessoas não vão ter de escolher entre a vida selvagem e a energia limpa, pelo menos nas próximas décadas.

“Se formos cuidadosos, deve ser possível aumentar as instalações eólicas e solares, globalmente, sem prejudicar os esforços para conservar a biodiversidade”, afirmou Felix Eigenbrod, ecologista da Universidade de Southampton, no Reino Unido, que esteve envolvido num estudo recente.

À medida que aumenta a pressão para reduzir a zero a emissão de gases com efeito estufa até meados do século, evitando os piores efeitos das alterações climáticas, segundo a Agência Internacional de Energia, a quantidade de infraestruturas de energia renovável necessárias para atingir o objetivo é impressionante. Comparado com 2020 – ano-recorde em novas instalações eólicas e solares – pode quadruplicar a nova capacidade anual, o equivalente a construir a maior instalação solar atual todos os dias.

Que a extração de combustíveis fósseis afeta a paisagem é fácil de perceber, por exemplo, pela devastação causada pela mineração de petróleo de areias encharcadas em alcatrão no Norte do Canadá, mas tem a vantagem de produzir energia de forma muito mais concentrada. Carvão e gás podem gerar até 2.000 watts de energia para cada metro quadrado de terra, enquanto as energias renováveis ​​atingem apenas uma fração deste valor – cerca de 10 watts por metro quadrado para energia solar concentrada, onde os painéis focam a luz num recipiente de alta temperatura fluido.

Os cientistas alertaram para o facto de a corrida às energias renováveis ​​poder pôr em risco o habitat vital, embora ainda não se saiba ao certo como, porque depende de onde os parques solares e eólicos forem construídos. Para ter uma visão mais clara do que reserva o futuro, Felix Eigenbrod e outros investigadores tentaram construir um modelo informático com âmbito sobre grande parte do planeta, criando uma base de dados com 24.600 locais de energia eólica e solar existentes em 153 países (no solo). Esses dados foram usados para prever a localização de futuros projetos de energia tendo por base as características das atuais instalações, comparando-os com mapas de áreas protegidas existentes e de locais prioritários para proteção futura.

Segundo os resultados obtidos, ​​nas próximas décadas muitas zonas do mundo não teriam um aumento de conflitos entre habitats a proteger e novas infraestruturas de energias renováveis, afirmaram os cientistas no Proceedings of the National Academy of Sciences, ao descobriram que, atualmente, aproximadamente 15% dos parques eólicos e solares se sobrepõem a importantes áreas de conservação. No futuro próximo, cerca 20 anos, a previsão dos investigadores identifica um número limitado de locais onde o habitat e a produção de energia renovável se sobrepõem, nomeadamente, na América do Norte, América do Sul, Sul da Ásia, Leste da Ásia e Rússia.

Sebastian Dunnett, que liderou a pesquisa em Southampton, afirmou que os resultados são “realmente encorajadores para enfrentar a emergência ecológica”. “Se pudermos expandir a implementação de uma parte importante da solução climática – energia eólica e solar – sem prejudicar os esforços de conservação da biodiversidade, este será um grande passo na direção certa.”

No entanto nem tudo é positivo. O Médio Oriente, o Centro e o Norte da Europa destacaram-se por terem um potencial de conflito (preservação do habitat+produção eólica e solar) acima da média. O estudo não incluiu a América Central, Austrália, o Sudeste da Ásia nem África porque a baixa densidade de projetos renováveis ​​dificultava a elaboração do modelo. Como os autores observam no artigo, “o cuidadoso estabelecimento de zonas do uso da terra ainda é muito necessário”.

 


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Créditos & Fonte de pesquisa:

Unsplash | Proceedings of the National Academy of Sciences 2022


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